segunda-feira, 19 de abril de 2010

Tia Ciata, o ponto de encontro entre a Bahia e o Rio de Janeiro

Hilária Batista de Almeida, conhecida como Tia Ciata, nasceu em Salvador (BA), em 1854. Mãe de santo e cozinheira foi uma das principais difusoras da cultura negra nas nascentes favelas cariocas. Dona de uma casa onde se reuniam sambistas de vários matizes, o local ficou conhecido como o reduto onde foi feito o primeiro samba gravado na história: “Pelo telefone”, assinado por Donga e Mauro de Almeira (dos quais já falamos anteriormente).

Tia Ciata foi a mais famosa das tias baianas (na maioria iyalorixás do Candomblé que deixaram Salvador por causa das perseguições policiais) do início do século. Eram negras baianas que foram para o Rio de Janeiro especialmente na última década do século XIX e na primeira do século XX para morar na região da Cidade Nova, do Catumbi, Gamboa, Santo Cristo e arredores.

O seu segundo casamento foi com João Batista da Silva. Dessa união, resultaram 14 filhos (além de Isabel, fruto do primeiro casamento). Esse matrimônio com um negro bem sucedido para os padrões da época foi fundamental para a sua afirmação na “Pequena África”, como era conhecida a área da Praça Onze.

Aos fins de semana, em sua casa, Tia Ciata realizava os famosos pagodes, festas dançantes, regadas a música e comidas preparadas por ela. Partideira reconhecida, cantava com autoridade respondendo aos refrões das festas, que se arrastavam por dias.


Foi lá que se reuniram os maiores compositores e malandros, como Donga, Sinhô e João da Baiana. A casa da Tia Ciata, na Praça Onze, era tradicional ponto de encontro de personagens do samba carioca, tanto que nos primeiros anos de desfile das escolas de samba, era "obrigatório" passar diante de sua casa.

Em 1910, morreu o seu marido João Batista da Silva, mas ela já havia conquistado o seu lugar de estrela no universo do samba carioca. Tia Ciata morreu em 1924, mas até hoje é parte fundamental da memória do samba.

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